MYRTES LICINIO
( Brasil - MINAS GERAIS ?)
A poetisa tem chama interior, talvez mantida por muita melancolias, uma nostalgia deveras irradiante, mas doce.
(Texto do prefácio, por Manuel Hygino Santos)
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LICINIO, Myrtes. Ruas do tédio. Apresentação por Manoel Hygino dos Santos. Belo Horizonte, [não informa editora], 1982. 80 p. No. 10 933
OLHOS
De sóis
de mel
de terciopelo
de esmeralda
de safira
de azeviche
vivazes
ingênuos
tentadores
e sábios
dois planetas
dois túmulos
dois lagos.
Há aos tranquilos
há os que expedem dardos
há os que falam
quando calam os lábios
mas todos se abrem
então saem voando
as asas originárias
do olhar.
Os namorados se olham
e com ternura absorvem
a expressão que transborda
da taça rasa dos olhos.
SILÊNCIO
Rádio invisível
Flor evaporada
Desfalecida voz.
Oriundo de ausências...
Silêncio,
e eu que o supus
feito de NADA!
Mas fora frase para impressioná-lo
vibrar as cordas sensíveis
ao surto dessas palavras.
Fora, eu, suprema ao assumir o vácuo.
Entretanto, conscientiza-me
o silêncio:
se feito de insatisfações
se grito sublimado.
A ESFINGE
A esfinge que há na alma
a mim me perguntava:
— Há de acontecer,
mas quando, como e onde?
Espere, retruquei,
a seu tempo respondo.
Meteoro que fulgura
e em nébula se esconde,
aconteceu.
Causa ou efeito?
foi princípio ou fim?
fim do princípio
ou princípio do fim?
E propõe-me o enigma,
e outra vez vacilo
e não sei a resposta.
*
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Página publicada em setembro de 2025
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